Decisões que mudam tudo.

11/10/2023

Decisões que mudam tudo

Nesta última semana tive a oportunidade de voltar a um sítio que dispara em mim determinados gatilhos, que relembram um momento de total vulnerabilidade, em que a minha arrogância estava a ser desconstruída e eu percebia como não controlava nada.

Há mais de 9 anos atrás, trabalhava na área de Coaching mas dentro de outro formato, dentro de uma empresa, após vários anos a trabalhar nessa empresa, estava a sentir diariamente uma dificuldade imensa em acordar, um esgotamento físico constante, sem energia. E sentia tanta tristeza, chorava facilmente, e acordava com a sensação de que não era ali que queria estar. Após estar algum tempo a viver estas sensações decidi ir ao meu médico de família fazer um check up, afinal, claramente deveria ser algo físico. Na consulta comecei a descrever os sintomas que sentia, o médico olhou-me nos olhos e disse:

“Pelos sintomas que está a descrever parece-me que está no início de uma depressão.”

Assim que ele me disse aquilo, a minha primeira resposta interna foi: nem pensar isso não me pode acontecer a mim (total arrogância da minha parte, na altura).

Saí da consulta, entrei no carro e tenho até ao dia de hoje gravado o sítio onde o meu carro estava estacionado, comecei a chorar até que tomei a decisão que já estava dentro de mim e não tinha coragem para o assumir: Tenho que sair da empresa.

Este processo não foi rápido, demorou algum tempo até eu ter a coragem de o assumir. Na altura senti que não tinha outra hipótese a não ser fazer aquilo, pensei em tudo o que poderia correr mal várias vezes, porque o plano era trabalhar sozinha.

Isto não é uma história romântica sobre empreendedorismo, porque mesmo tendo dado este passo, hoje quando acompanho pessoas recomendo sempre que o caminho a ser feito deve ser com calma, amor e compaixão. Contudo, por vezes, chegamos a momentos em que a dor que sentimos transforma-se em sofrimento, e somos obrigados a tomar decisões mais extremas, não para sermos felizes, mas para voltarmos a respirar.

Quando acompanho pessoas que estão em situações de mudança, seja de relações, profissionais ou outras. Tentamos sempre não ir a um extremo, porque acredito, mesmo, que mudando a forma de estar, alterando a perspetiva, encontrando propósito, colocando limites, é possível estarmos em paz em momentos que já sentimos dor. Mas também sei que existem momentos em que a única solução é o largar, em que a dor é demasiado grande. E nesses momentos, espero com todo o meu coração que sintas a bondade da vida do teu lado, que sintas que estás a ser guiado, e que não existe vergonha nenhuma em tentarmos encontrar o nosso caminho, mesmo não sabendo qual o passo a dar a seguir.

Que consigas encontrar a tua luz interna.

Da minha alma para tua.

LER MAIS PARTILHAS →